O prazer em acompanhar os romances dos personagens da Marvel
se dá por serem obras fechadas e coesas, ideal para aqueles que não conseguem
acompanhar as inúmeras edições em quadrinhos que são lançadas nas bancas de
jornal. “Homem-Aranha: Entre Trovões”, escrito por Christopher L. Bennet, é um
desses romances que, apesar de situar o leitor na cronologia do teioso,
apresenta uma história original com começo, meio e fim.
Mesmo que o leitor não acompanhe a evolução do cabeça de
teia, o livro não causa estranheza ao apresentar um Peter Parker adulto, casado
com Mary Jane, e professor de ciências de um colégio público, uma vez que o
espírito jovem e brincalhão do Homem-Aranha transparece nas páginas. Logo nos
primeiros capítulos, as atividades rotineiras do Aranha o levam para uma trama
conspiratória envolvendo robôs indestrutíveis e vilões improváveis. Com seu
heroísmo colocado em cheque, o amigão da vizinhança deve confiar em seus
instintos para enfrentar o desconhecido e buscar respostas, mesmo que isso
signifique abandonar aqueles que o amam.
Fica clara a habilidade do autor em dar profundidade para
uma história aparentemente simples e, sem tornar a leitura cansativa, entregar
um drama adulto onde os dilemas do Homem-Aranha podem se assemelhar com os
nossos, quando suas decisões profissionais não são influenciadas somente pela
experiência e habilidade, mas também por aqueles que o rodeiam e querem o seu
bem. O único deslize de Bennett talvez seja tentar dar explicações “técnicas” e
caricatas para o turbilhão emocional que conduz o livro, porém sem afetar a
qualidade da obra.
Publicado pela Editora Novo Século em 2014, “Homem-Aranha:
Entre Trovões” irá prender a sua atenção, e provavelmente terá suas 260 páginas
vigiadas em algumas horas. Leitura indispensável para os fãs do Homem-Aranha.