Mesmo depois da recepção morna de “Homem-Aranha 3”, não é segredo que o possível “Homem-Aranha 4” começou a ser planejado pelo estúdio. Mas os motivos que levaram os produtores a abandonar o projeto talvez não sejam tão claros, e sob a justificativa que os heróis se reinventam nos quadrinhos de forma frequente, foi anunciado uma nova franquia do “Homem-Aranha”. E cinco após o terceiro e então último filme de Tobey Maguire como Homem-Aranha, chega aos cinemas “O Espetacular Homem-Aranha”.
Agora o protagonista é interpretado por Andrew Garfield, que chega no seu primeiro filme como Peter Parker ainda mais velho que Tobey Maguire, mas desta vez isto acaba não sendo um problema já que o espírito jovem do rapaz condiz muito bem com as características do teioso. O elenco ainda conta com grandes atores como Sally Field e Martin Sheen, interpretando a Tia May e o Tio Ben, além da promissora Emma Stone, no papel do primeiro interesse amoroso de Peter: Gwen Stacy.
As premissas do filme seguem o modelo apresentado anteriormente, um acidente leva o Peter a adquirir poderes e a morte do Tio Bem faz com que ele entenda as suas responsabilidades e acabe assumindo a identidade do Homem-Aranha. Porém, nesta nova história é adicionado um mistério conspiratório envolvendo os pais de Peter, o que acaba deixando toda a trama ainda mais interessante.
O filme ainda se preocupa em mostrar, de forma mais clara que os anteriores, como o Peter Parker é um garoto inteligente, curioso e observador. Seja pela distribuição dos objetos no quarto do rapaz, sua habilidade em construir um lançador de teia, e seu raciocínio para desvendar alguns dos mistérios apresentados, o filme brinca com a relação de Peter com Gwen ao apresentar uma suposta rivalidade entre os dois pelo posto de aluno mais inteligente da sala. Tamanha transparência na tela destas características deve ser celebrada pelos fãs “nerds”, já que há uma valorização deste público em detrimento da imagem estereotipada de um “nerd” bobalhão que havia sido apresentada anteriormente.
A representação antagonista fica por conta do cientista Curt Connors, que acaba sendo uma das peças da trama conspiratória que Peter se vê inserido. O vilão tem motivações nobres e coesas com a história apresentada, porém, há uma inspiração de “O Médico e o Monstro” muito semelhante com o apresentado pelo vilão Duende Verde no primeiro filme do Homem-Aranha, sendo, então, um pouco repetitivo.
“O Espetacular Homem-Aranha” foi o segundo longa-metragem do diretor Marc Webb, e assim como em seu primeiro filme (500 Dias com Ela), há uma carga dramática muito presente associada com um humor leve, combinação que entrega um bom filme, porém com uma identidade forte que pode gerar reações diversas entre os fãs. A história é assinada por James Vanderbilt, que até então não tinha escrito grandes filmes, mas também leva a colaboração de Alvin Sargent (dos filmes anteriores do Homem-Aranha) e Steve Kloves (roteirista de sete, dos oito, filmes de Harry Potter).
Lançado no auge da tecnologia 3D nos cinemas e no Home Entertainment, o filme abusa de cenas coreografadas e reproduções das clássicas poses do Homem-Aranha muito bem aproveitadas na terceira dimensão. Com o uso bem justificado, não fica a sensação de que alguma cena só foi apresentada para algo saltar da tela. E mesmo em casa com uma TV 3D, é possível ficar fascinado com a forma que o filme foi trabalhado, podendo até causar momentos de vergonha ao desviarmos de algum objeto de cena (sem exagero).
Apesar de tão próximo da produção anterior, o reboot foi muito bem produzido e entregou uma versão aprimorada do Homem-Aranha que conhecíamos. Além das diversas edições em DVD, Blu-Ray e Blu-Ray 3D, o filme agora pode ser adquirido na coleção com todos os 6 filmes do Homem-Aranha, que será lançada no próximo dia 25 de outubro, em DVD e Blu-Ray.