Aqueles que passaram a infância e adolescência nos anos 2000, uma época que a internet ainda não era tão disseminada, sabiam a emoção de aguardar o trailer de um filme antes da sessão de cinema, ou comprar revistas e jornais, para saber tudo sobre o filme que estava para sair, e depois recortar as melhores fotos do seu personagem preferido e guardar. E mesmo aqueles que não eram fãs do Homem-Aranha certamente se lembram de toda a expectativa em torno de “Homem-Aranha 3”, um filme que teve um intervalo de três anos separando-o de seu predecessor.
Tal expectativa talvez tenha sido a maior inimiga do filme, junto com o próprio Peter Parker. Não há necessidade em se estender sobre o momento tardio de adolescente revoltado de Peter Parker, é um consenso que Tobey Maguire retrocede em sua atuação, e ao deixar o personagem beirando o ridículo, o filme será sustentado pelas histórias paralelas: as jornadas dos vilões.
A escolha de trabalhar com três vilões no filme foi ousada, já que com o compartilhamento do tempo de tela, o potencial de cada acaba suprimido. O Homem-Areia é apresentado de forma apressada e talvez desnecessária ao tentar refazer a história que conhecemos no primeiro filme. Eddie Brock é apresentado de forma ainda mais apressada, e mesmo sendo fracas, as suas motivações são plausíveis quando este acaba se transformando no clássico vilão Venom. Harry Osborn fecha o trio de vilões dado os acontecimentos dos dois últimos filmes, e apesar de um início mais caricato tem a sua jornada muito bem definida com um desfecho emocionante.
Além de Harry, outro destaque do filme é a relação entre Peter Parker e Mary Jane, que contrasta com o tom infantil do Peter levar a vida, já que apresenta dramas bem construídos envolvendo os egos de um casal com carreiras indefinidas. E entre idas e vindas, há um fechamento satisfatório para a história dos dois.
Sam Raimi volta para concluir a sua trilogia, e desta vez também assina o roteiro do filme, ao lado do seu irmão Ivan Raimi. Apesar de imensas críticas, o filme tem um bom argumento, que consegue apresentar mais um capítulo na jornada do herói, e ao mesmo tempo concluir um ciclo. Os efeitos especiais do filme não chegam a ser ruins, porém quando comparado aos dois filmes anteriores, não surpreendem. Aliando estes fatores com algumas falhas técnicas do comportamento dos trajes ou ainda do funcionamento da teia orgânica, o filme não consegue se sobressair.
Mesmo sem superar os anteriores, o filme ainda diverte e conclui a primeira saga do Homem-Aranha no cinema de cabeça erguida. Além das diversas edições em DVD e Blu-Ray, o filme agora pode ser adquirido na coleção com todos os 6 filmes do Homem-Aranha, que será lançada no próximo dia 25 de outubro, em DVD e Blu-Ray.